sexta-feira, 2 de setembro de 2016

CHUVA DE VERÃO





O tempo fechou
Escureceu
O roçar no pescoço me assanha
No ouvido previsões de desejo
São seus crespos embaraçando meu eixo

Raios luminosos
Acendem meu pavio
Calor no peito, cada toque é um choque
Meus pelos em suas mãos provocam trovões
Estremecem minha semente germinada

Rajadas de vento
Assoviam fundo em meus sentidos
Pela brisa úmida me deixo levar
Em alerta, meus bicos endurecidos anunciam tempestades

Você, sem guarda-chuva
Eu, toda molhada
Irrigada pelo arado da sua língua
Terra adubada, fruta madura, mata ocupada

Gota a gota a sede é saciada
É chuva de verão
Águas de perfume
Quentes como a estação
Escorrem dentro e fora

É mar, rio, cachoeira de tesão...

Carmen Faustino
*Publicado na antologia erótica Pelos Quartos do coletivo Louva Deusa em 2015

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