No meu
relógio
O atraso
não é
Sério problema
Ruim é quando nunca chega
Ou nem desperta
Pois a vida não espera
Adianta à demanda
E joga a missão
Ser mulher
negra
Pesa as costas
Dói no
corpo
E sem o devido cuidado
Faz dureza
na alma
E esvazia o
coração
Solidão...
Na
contramão
Despertar o
conhecimento
É direito e
reparação
Viver o
afeto de olhos abertos
Fertiliza a
terra seca
E o caminhar
das pretas
É força
ancestral que cura
Não quero
mais salgar na dor
Quero
escorrer livre para terra
E
fertilizar esse chão
Abençoado
por deusas
Pisado com
força
Resistência
Para que
hoje
Eu pudesse
estar aqui
Pergunte ao
tempo
E a
verdadeira história
O que aconteceu comigo
Conte os
dias
Mas não
aguarde sentado
Será como
nunca visto antes...
Eu terei
fim
A luta não!
CARMEN FAUSTINO